Não entres tão depressa nessa noite escura

« Dos vários prémios que ""Exortação aos Crocodilos"", anterior romance de António Lobo Antunes, viria a receber, o escritor afirmou que gostou muito particularmente de um deles, e que talvez tenha sido o que lhe deu, até à data, mais prazer receber: o Prémio D. Dinis, da Fundação de Mateus, porque lhe fora atribuído por um júri de poetas. Pois bem, Lobo Antunes chama poema a este seu novo romance, o 14º, ""Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura"", título que é também uma apropriação do verso de Dylan Thomas, ""Do not go genttle into that good night"", e abre o livro com um poema de Eugénio de Andrade. E, de facto, a escrita de Lobo Antunes depurou-se, tornou-se mais substantiva, quase perfeita. Como dizia em entrevista ao JL (4/10/00), ""cada vez mais a (referindo-se à sua prosa)tenho tentado tratar como se de poesia se tratasse. Em termos de contenção, no que respeita ao fazer cintilar as palavras como se fossem objectos com brilho próprio."" E falava deste seu livro como um ""desafio"". Desafio para o escritor, desafio para o leitor, que vai desmontando, ou organizando, o puzzle desta narrativa, contada por Maria Clara, à medida que nela avança. Com uma paixão renovada a cada instante. Porque, como diz Rodrigues da Silva (Visão, 12/10/00) "" (os livros) é para ser vividos que existem. Se tal merecerem. Os de Lobo Antunes merecem-no. (... e por isso tornaram-se) objectos íntimos de estimação."» «Este livro, se não é uma obra-prima, anda lá perto. » Rodrigues da Silva, JL