Apólogos dialogais vol. I: Os Relógios falantes – A Visita das fontes
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D. Francisco Manuel de Melo nasce em Lisboa em 1608, filho de pai português e mãe espanhola. Faz os seus estudos no Colégio de Santo Antão. Envereda pela carreira militar e diplomática. Autor polígrafo e prolífico, frequenta a corte espanhola — onde terá conhecido Lope, Calderón, Tirso e Quevedo — e a corte portuguesa. Depois da Restauração, por motivos ainda obscuros, é alvo de perseguição pessoal e preso. Desterrado para o Brasil, regressa a Portugal para prosseguir a carreira diplomática. Morre em 1666. Editados pela primeira vez em 1721, Os Relógios Falantes e A Visita das Fontes, escritos em meados do século XVII, constituem o primeiro e o terceiro diálogos imaginários dos Apólogos Dialogais. Têm em comum o assentarem numa semelhante ficção dialógica em que intervêm diferentes interlocutores. N’ Os Relógios Falantes, dois relógios, um da cidade e outro do campo, expõem criticamente os vícios da máquina burocrática coeva. Por seu turno, n’ A Visita das Fontes, duas fontes, uma estátua e uma sentinela, anatomizam diferentes tipos humanos do universo cortesão. Inserindo-se numa tradição que passa por Quevedo e Cervantes, D. Francisco apresenta-nos um riquíssimo fresco social, imbuído de espírito satírico e animado de intenção moralística.