Em novela dos anos 1920, autora brasileira defende a liberdade e a autonomia da mulher sobre seu corpo e sua sexualidade, e o direito à educação
Mistura originalíssima de sátira, drama e argumentação naturalista, Virgindade inútil: Novela de uma revoltada, de Ercilia Nogueira Cobra, é um libelo feminista contra a dominação patriarcal em todos os aspectos da vida, e principalmente sobre o corpo da mulher. "O amor físico é tão necessário à mulher como o comer e o beber", afirma a autora, partidária do amor livre, defensora da legalização do aborto e simpatizante do lesbianismo.
A protagonista é Cláudia, moça de "uma dessas famílias do interior que aparentam fortuna e onde o valor da mulher é igual a zero". Recebe educação apenas para se tornar "o anjo do lar", aguardando ser "colhida" por um marido. No entanto, com o fim da fortuna familiar e a consequência ausência de dote, ela se vê fadada à vida de solteirona.
Cansada do papel relegado às mulheres na sociedade – "fazer papel de idiota a vida inteira" –, decide partir para Flumen, a capital do seu país, a Bocolândia. Começa então uma trajetória em que se alternam humilhações e o desfrute dos prazeres da vida.