Tinto Cão
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São muitas as razões que justificam um prefácio; a meu ver, um prefácio deve servir de carta de amor ao livro. Neste caso, o livro Tinto Cão é como a casta que lhe deu nome. Devemos dedicar-nos a ambos, ao livro e à casta como nos dedicamos a um filho e tentar decifrá-los no companheirismo do silêncio daquele tronco ali na lareira que em torrões alaranjados nos vem lembrar aquilo que fomos, mas sobretudo, quem perdemos.
Aconselho-o a si, leitor, a investigar definições desta casta e encontrará palavras bem enigmáticas; por exemplo na enciclopédia luso brasileira encontrará entre outras a frase lágrima ligeiramente rosada, outras fontes referem a grandeza da casta na sua resistência aos ataques de míldio e podridão e que deve ser tradicionalmente fermentada em lagares de pedra-granito com pisa a pé. Autóctone como o é este livro.
Este livro é esse filho que pegamos pela primeira vez nos braços e que nossas lágrimas de riso e de choro, caem na sua face rosadita mas com o tempo, nos vão explodindo em lágrimas de sangue ao longo dos ataques de míldio
e podridão da vida.
É um livro que vive da grandeza da resistência.