Sermões — Vol. II
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«Primeiramente só Cristo amou, porque amou sabendo: Sciens. Para inteligência desta amorosa verdade, havemos de supor outra não menos certa, e é, que no mundo, e entre os homens, isto, que vulgarmente se chama amor, não é amor, é ignorância. (...) Pinta-se o Amor sempre minino; porque ainda que passe dos sete anos, como o de Jacob, nunca chega à idade de uso de razão. Usar de razão, e amar, são duas cousas, que não se ajuntam. A alma de um minino, que vem a ser? Uã vontade com afectos, e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor, quando conquista uã alma; porém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo.(..) E como o primeiro efeito, ou a última disposição do amor, é cegar o entendimento; daqui vem, que isto, que vulgarmente se chama amor, tem mais partes de ignorância: e quantas partes tem de ignorância, tantas lhe faltam de amor. Quem ama, porque conhece, é amante, quem ama, porque ignora, é néscio. Assi como a ignorância na ofensa diminui o delito,assi no amor diminui o merecimento. Quem ignorando ofendeu, em rigor não é delinquente. Quem ignorando amou, em rigor não é amante. («Sermão do Mandato», § II, 405, pp. 499-501.)
– Sermão da rainha Santa Isabel (1674)
– Sermão da glória de Maria mãe de Deus (1644)
– Sermão da primeira dominga da Quaresma (1655)
– Sermão da terceira quarta-feira de Quaresma (1670)
– Sermão de S. António (Roma, 1670?)
– Sermão de São Roque (1659)
– Sermão de São Pedro Nolasco (1657?)
– Sermão da sexta-feira de Quaresma (1662)
– Sermão da quinta dominga da Quaresma (1651)
– Sermão de Nossa Senhora da Graça (1651)
– Sermão de São António [aos peixes] (S. Luís de Maranhão, 1654)
– Sermão para o dia de São Bertolameu (1673?)
– Sermão do Mandato (1645)
– Sermão ao enterro dos ossos dos enforcados (1637)
– Sermão da primeira dominga do Advento (1652)