Quase-poemas

Editeur : Escaleras
Nombre de pages : 88
Date de parution : 2019
Langue : portugaise
ISBN : 9788594213167
Prix :

12,00

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Description :

Bendito ócio poético.

Venho acompanhando desde sempre a produção literária de Marilza Foucher, uma amazonense quase acreana que se transplantou por amor para a minha não menor querida Paris. No início era uma estudante na Sorbonne e uma inquebrantável militante da liberdade. Nos encontramos muitas vezes desde a juventude até agora. Não vamos esquecer daqueles anos de intensa participação política que vivíamos no Brasil: uma ditadura sangrenta e reacionária. Nossa geração não perdoava ninguém, e nossos líderes carregavam rebeldia e radicalismo, lembrando que radicalismo não significava sectarismo, mas pegar as coisas pela raiz. Lembro de muitas manifestações que participamos juntos em Paris, e esses fatos não são recordados sem uma ponta de nostalgia da nossa juventude marcada pelo espirito libertário da Paris de 1968, mas também com carinho por não termos deixado morrer os nossos ideais.
O verso de Marilza, a seu modo, muitas vezes correm ao longo da fronteira em que a poesia e a prosa se olham de frente. Seus poemas registram momentos dos abalos sísmicos da política francesa e os tremores de malária da política nacional. Há belos e bucólicos momentos poéticos que rememoram as estações do ano, mas de todos os poemas ressalto um de seus versos, o que vem com um título ousado: “A teimosia dos utópicos”. Eu diria que é a celebração dos amigos comuns, renitentes que somos em abandonar nossa militância pela justiça. O poema que aqui destaco tem uma singeleza que só os espíritos puros são capazes de ousar versos num momento histórico de ilusões e exacerbado capitalismo.