Quando o diabo reza
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Quando um galdério tem uma ideia brilhante partilha-a logo com outro vadio. Colectivização intelectual. Uma grande ideia fica a secar se não for disponibilizada. E como não há dois sem três, estende-se a rede e monta-se a urdidura. Vala grande, saltar de trás. Ponderadas as valências de cada factor e os recursos disponíveis, o projecto avança, científico e inseguro.
Quando duas irmãs, já entradas na vida, sonham com teres e haveres, mundos melhores, segurança de estado e paz de espírito, o destino costuma intrometer-se, turvar os planos, rasteirar os desígnios. Dessas contrariedades é feita a literatura que se dá mal com os harpejos dos anjos nas nuvens e prefere o Diabo, sempre atrás da porta, vigilante, até a rezar.
Quando um ancião rabugento anda por aí a bengalar à solta, ocorre a alguns visionários que ele está mesmo a pedi-las.