Os vivos. O morto e o peixe frito (Teatro)

Em Lisboa, no dia em que a seleção angolana de futebol defronta a seleção portuguesa, num minúsculo apartamento, juntam-se caboverdianos, angolanos, são-tomenses, guineenses, moçambicanos e portugueses. E mais: o bebé na barriga da futura noiva, as cervejas, a pistola, o futuro noivo, a comida, os diamantes na barriga do padrinho e o vizinho morto que ainda adora relatos e futebol.

A capital portuguesa nunca tinha vivido um dia assim.

Uma peça de teatro como se fosse um romance. Ou o inverso.

- Não há tempo a perder... Eu cubro a porta enquanto tu executas.

- Comé, tio Quim... Não pode me fazer isso...

- O padrinho é de quem?

- É meu.

- A namorado é de quem?

- É minha.

- Quem engravidou a filha do meu irmão?

- Fui eu.

- Você trouxe peixe-frito?

- Ainda.

- Quem tem a pistola na mão?

- É você.

- Ainda bem que sabes!

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