O advogado de Inhassunge

Luís Loforte, confessou na apresentação do livro, que sempre reuniu apontamentos sobre acontecimentos que marcaram o país e também depoimentos diversos, pequenas estórias, "mas sem propósito definido", sublinhou. Contudo, um dia, ouviu um velho amigo, Alfredo Baptista Gonçalves, enquanto este deliciava os mais novos com contos antigos. Atento, o escritor recolheu notas, mas não satisfeito, marcou novo encontro com o amigo. A partir de então, cresceu em si uma vontade enorme de imortalizar no papel e partilhar com os leitores todo aquele enredo. Um enredo que retrata a vida de Luiz Conde do Lavradio Almeida de Leão, de seu nome completo, "consagrado como um dos mais brilhantes e influentes solicitadores da sua época".
Na opinião de Pedro Rebelo de Sousa, advogado responsável pela apresentação d' O Advogado de Inhassunge ao público leitor português, referiu a propósito que este é um livro que "fascina. Tudo e todos surgem envoltos numa ironia bem disposta, jocosa, bem característica do povo moçambicano". O mesmo "crítico" confessou-se feliz por ter tido oportunidade de rever a língua portuguesa embrulhada num "vocabulário pomposo e afiambrado, mas genuíno". Luís Loforte tem ainda o talento, segundo o advogado, de conseguir desmistificar um certo africanismo que ainda resiste, quando diz "para mim brancos e pretos não agarraram o verdadeiro problema do nosso país. O verdadeiro problema é que uns e outros se tomam como entidades; há entidades de brancos e de pretos; começam agora a aparecer a entidade dos mulatos e a entidade dos indianos. Não há uma entidade dos moçambicanos. (…) Falta-nos um projecto de todos", conclui.