O tempo torna-se uma sucessão de “outroras” imprecisos, misturando-se a um presente, também, fluido; o espaço, por sua vez, é uma dança entre Goa e sua casa amarela, Versalhes, Digne e Belém.
Guiado pelas mãos ingênuas e a inocente malícia de uma criança, percorre as ruas, mercados e favelas de Belém, descobrindo seu lugar nessa história. Longe de Versalhes – onde o geógrafo de Luís XIV, Blaise de Pagan, tentava manter seus aposentos – e de sua Digne natal, seu destino dá uma guinada.
E como não ressaltar a força das personagens femininas – em certas ocasiões, mais hábeis no manejo de um revólver que os homens –, privilegiadas por poderem cantar as Excelências ou Incelências nos rituais fúnebres?
Gilles Lapouge tem a habilidade de materializar sensações através de cores, descrições, pitadas de humor e jogos de palavras. Seus personagens carregam as imperfeições humanas, mas também têm grande dose de sensibilidade e poesia.
Todo esse contexto é favorável a que projetemos já uma continuação dessa aventura pelo Brasil, país tão caro ao autor, e que ele bem conhece por ter vivido nele por vários anos.