"A poesia de Florbela Espanca caracteriza-se por um sentido de diferença e de mal-estar artístico e social que pode ser detectado quer no recurso ao soneto, quer na insistência numa subjectividade feminina onde imperam o desejo, o erotismo e um muito particular tratamento do corpo.
Porém, infelizmente, e salvo algumas excepções, a crítica não parece ter reconhecido os desafios e as ousadias semântico-formais que a sua poesia apresenta - por isso muitos lhe chamaram poetisa, e não poeta, assim a pretendendo relegar para um lugar de menorização. o desassombro radical e a originalidade de Florbela Espanca merecem urgentemente leituras especializadas, competentes e isentas que lhe reconheçam o valor devido.
Esta edição anotada, levada a cabo por especialistas de renome, é nesse sentido uma iniciativa altamente louvável que contribuírá decisivamente para uma correcta reavaliação e divulgação da sua obra, colocando a autora no justo espaço de absoluto destaque que ela detém como mulher poeta na cena literária portuguesas da primeira metade do século XX."
Ana Luísa Amaral