Livro de Lisuarte de Abreu
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Trata-se da edição fac-similada de um códice quinhentista português com a relação ilustrada das Armadas da Índia, desde a de Vasco da Gama, em 1497, até à do capitão-mor D. Jorge de Sousa, em 1563.
Em 1821 encontrava-se em poder de Sebastião Francisco Mendo Trigoso que posteriormente o passou a Francisco Xavier Bertrand. Este, em 1895, passou-o ao infante D. Afonso, irmão de Carlos I de Portugal (1889-1908), a quem teria sido oferecido na Índia. Catalogado na Real Biblioteca da Ajuda em 1908, após a proclamação da República em Portugal (1910) desapareceu em 1911.
Dezenove folhas do códice surgiram depois em Madrid e foram adquiridas pelo conde de Arrochela (1912 ou 1914). Outra parte (92 folhas) foi adquirida pelo banqueiro e financista J. P. Morgan em 1912 em Paris, a um representante da firma Ludwig Rosenthal, de Munique.
Em 1963 a Pierpont Morgan Library, em Nova Iorque, adquiriu as 19 folhas que haviam pertencido ao conde de Arrochela. Uma terceira parte, que continha a cópia do "Livro de Duarte Barbosa", permanece com paradeiro desconhecido.
O códice é assim designado porque a folha de número quinze contém a seguinte nota: “Este livro hé de Lisuarte dAbreu que ho mandou fazer”.
Acredita-se que Lisuarte de Abreu era um homem de pequena fidalguia. Embarcou para a Índia na nau "Rainha", sob o comando de Fernão de Sousa Chichorro, integrante da Armada de D. Constantino de Bragança, em 1558. Quando D. Constantino fez uma pausa de dezoito dias em Moçambique, lançou mão de uma caravela que viera de Sofala com o capitão da fortaleza, Bastião de Sá, e entregou o comando desse navio a Pêro da Silva; este podia escolher os homens da armada que lhe aprouvesse, e devia adiantar-se com eles naquela caravela para diligenciar e obter notícias dos Turcos; Lisuarte de Abreu foi um dos escolhidos para essa importante missão.
O códice é dividido em três partes:
Primeira parte: conjunto de textos copiados por ordem de Lisuarte de Abreu
- Diário da viagem da nau "Rainha", de Lisboa para Goa. D. Constantino de Bragança, seu capitão-mor, ia provido do cargo de Vice-rei, e seguia na nau "Graça". Este diário de navegação é escrito pelo piloto da nau.
- A partir da fl. 16 inicia-se outra descrição da mesma viagem mas em estilo de "relação".
- Carta dirigida ao Vice-rei D. Garcia de Noronha por Nuno da Cunha, governador cessante da Índia.
- Resposta de D. Garcia.
Segunda parte: Lista de governadores e Vice-reis da Índia e retratos
- Lista, começando com D. Francisco de Almeida e acabando com D. Constantino de Bragança (1558). Seguida por uma apostila de outra mão referindo o vice-rei imediato a D. Constantino, o conde de Redondo (D. Francisco Coutinho) e seu sucessor, João de Mendonça Furtado.
- Retratos a bico de pena desses mesmos governadores e Vice-reis da Índia, citados na primeira lista.
Terceira parte: Representação das armadas
- As Armadas estão representadas com todos os seus navios, acompanhados quase sempre dos nomes de seus capitães. Essa representação foi organizada por ordem do governador Jorge Cabral em 1550, mas o ilustrador continuou a tarefa de que foi incumbido até à Armada de 1563, incluindo ainda desenhos de batalhas navais que tiveram lugar com galés turcas. Os desenhos foram feitos no Oriente e possivelmente em Cochim.