Lá Fora
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"Lá Fora": as crónicas onde Pedro Mexia explica porque gosta pouco de sair de casa.
Prefácio de António Mega Ferreira
"Lá Fora" não é um livro sobre viagens demoradas a lugares exóticos, sobre passeios venturosos a altas montanhas ou selvas escuras, ou sequer sobre grandes temporadas em metrópoles sofisticadas do mundo ocidental: aqui, Pedro Mexia, uma das grandes personalidades da cultura portuguesa contemporânea, revela, mais do que lugares físicos onde tenha estado, lugares mentais acerca dos quais pensou. Há os teatros e as livrarias de Londres, mas também a Paris, Texas, de Wim Wenders. Há a Lisboa das Avenidas Novas e do Chiado, mas também as viagens de liteira de Camilo Castelo Branco. Há os verões da infância na Figueira da Foz, mas também a ilha grega de Leonard Cohen.
Deambulando por geografias de espécie diferente, Pedro Mexia — cronista, poeta, crítico literário, tradutor e editor — revela neste livro algumas das suas ideias mais interessantes sobre cinema, música, literatura, filosofia, política e religião, ao mesmo tempo que descreve lugares por onde passou e que, de alguma forma, não esqueceu.
«Quem está cansado de Londres está cansado da vida, disse o Dr Johnson. Percebi o significado exacto dessa frase quando fui a Londres pela primeira vez, há dez anos. Estava cansado da vida, a vida às vezes cansa, mas em Londres descobri uma vida nova, uma espécie de epifania sóbria, contida, à inglesa. Por isso digo que foi a minha primeira vez em Londres, embora já lá tivesse ido antes: foi quando descobri que Londres me reconciliava com o facto de estar vivo. […]
Em vários momentos da minha vida a ideia de “ir para Londres” ou simplesmente “ir a Londres” representou um projecto, um refúgio, um bálsamo, uma possibilidade. Foi sempre a vida que eu quis quando quis Londres. E lembro-me de um dia ter tido uma daquelas fantasias juvenis ou aventurosas que costumam aparecer em paragens mais exóticas: “viro aquela esquina e começo de novo, nunca mais sabem de mim”. Outras pessoas preferem climas amenos e espaços desafogados e diversões esfuziantes. Mas a minha cidade estrangeira favorita é chuvosa, desagradável à noite, e goza-se melhor portas adentro, educada e tranquilamente, com fleuma quase infalível e aquecimento central.»
Pedro Mexia