Henrique, o Navegador
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O infante Dom Henrique é uma figura lendária, diríamos mítica, da História Medieval. Peter Russell recorreu a muitos estudos documentais recentes para elaborar este testemunho eloquente, sofisticado e de agradável leitura da vida do Infante. Ao mesmo tempo que atenta em todos os aspectos das duas viagens de descobertas na costa atlântica africana, incluindo as consequências económicas e culturais e as difíceis questões de legislação internacional e jurisdição papal, Russell examina ainda em pormenor as outras esferas de actividade que contribuíram para a notoriedade do Infante ou que a questionaram. Demonstra até que ponto as suas acções foram motivadas por previsões astrológicas - um aspecto da sua vida negligenciada no passado - e explica como foi possível que um homem em nada «moderno» tenha dado os primeiros passos no sentido de mudar a conjuntura política e demográfica, não só da Europa como de grande parte do Mundo. Esta não é uma biografia no seu sentido tradicional. Com efeito, foram poucos os escritos do Infante a subsistir que permitissem reunir o material necessário para descrever pormenorizadamente a sua vida quotidiana e emocional. Trata-se antes da história das acções do Infante Dom Henrique, do mundo no qual tiveram lugar e do impacto que elas exerceram na Europa daquele tempo. Juntamente com Colombo, o Infante Dom Henrique foi considerado um dos fundadores da «modernidade», um homem que ousou desafiar as convicções científicas do seu tempo e, ao fazê-lo, contribuiu para a libertação das amarras geográficas que limitavam a Europa desde a queda do Império Romano. A sua imagem de imperialista e, acima de tudo, de marinheiro, matemático e navegador pioneiro será sempre muito marcada e, contudo, não há até aqui nenhuma biografia que descreva a vida deste «herói da ciência e da acção» desde a de Beazley, em 1895. Este livro representa, por isso, a primeira reavaliação da vida do Infante Dom Henrique passado mais de um século.
«Em 2000, a Yale University Press publicou um livro intitulado Prince Henry the navigatror: a life de Peter Edward Russel, historiador falecido em 2006 que contribuiu para conhecer uma personalidade cuja importância para a História da Humanidade é unanimemente reconhecida e nunca é de mais relembrar. Essa obra destinava-se fundamentalmente a um público especializado de língua inglesa, que não possuía um trabalho recente e actualizado sobre o famoso Infante, nele abordando várias questões em torno dessa personalidade. Essa obra foi publicada em português na presente edição, facilitando assim o acesso ao seu conhecimento em Portugal e contribuindo para desenvolver a problematização de várias questões em torno da história de uma figura cuja interpretação continua a seduzir os amantes da História e a motivar novas abordagens, que se verifica serem ainda necessárias. Esta constatação é de realçar tanto mais que não é fácil abordar um homem que tendo sido um grande fidalgo medieval se assumiu com largas perspectivas de modernidade ao mandar realizar os Descobrimentos, esse processo tão complexo de explorações na sua dupla vertente de descobrir geograficamente mais terras e de as aproveitar economicamente.
Este livro é já uma referência nos estudos henriquinos mas temos de reconhecer poder ser alvo de controvérsia em algumas das posições expressas, de que aqui apontamos apenas alguns reparos mais simples, como um relativo à indicação de que o Infante mandou "importar vinhas de Moreia" (p. 92), quando a indicação que sobre o assunto se conhece aponta que elas vieram de Creta, ou a omissão de informações relevantes e considerações em que o autor se revela pouco seguro como é o caso da identificação do retrato do Infante ou do descobrimento do arquipélago de Cabo Verde por Diogo Gomes e António de Noli em 1460. Temos também de assinalar que a tradução nem sempre é rigorosa, como se atesta, por exemplo, na alusão às ilhas Bissagos em vez de Bijagós (p.289). As legendas das ilustrações também nem sempre são correctas, como acontece na figura 33, em que se alude a uma "capela do século XV no Cabo de Sagres", quando se trata de um edifício setecentista destinado a armazém. É ainda de lamentar a falta de referências importantes na bibliografia, como é o caso da Bibliografia Henriquina e de trabalhos publicados na sequência das comemorações dos seiscentos anos do nascimento do Infante que se realizaram em 1994, como é o caso da Documentação Henriquina.» José Manuel Garcia (leitur@gulbenkian, 2010)