Garibaldi na América do Sul, o mito do gaúcho

Auteur :
Editeur : Boitempo
Nombre de pages : 296
Date de parution : 2013
Langue : portugaise
ISBN : 978857559337
Prix :

32,00

Description :

A imagem mais conhecida de Giuseppe Garibaldi, encontrada até hoje em selos postais, rótulos de vinho e fotografias, retrata um “perfeito gaúcho”. A fantástica trajetória desta figura histórica, que retrata o imaginário europeu e o universo sociopolítico do século XIX, encontra-se inscrita em Garibaldi na América do Sul: o mito do gaúcho, livro do jornalista e cientista político brasileiro Gianni Carta, que chega às livrarias em setembro pela Boitempo Editorial.

Por meio de uma cuidadosa arqueologia de referências – a influência militarista de Giuseppe Mazzini, o jornalismo de Giovanni Cuneo e Luigi Rossetti, as entusiásticas descrições de Alexandre Dumas e outros escritores –, acompanha-se o desenrolar dos acontecimentos históricos do tempo de Garibaldi: a invenção do daguerreótipo, a Revolução Farroupilha, a Europa efervescente de 1848.

Respeitável e temido líder – cujo eco Carta não hesita em apontar nas figuras contestatórias de Che Guevara e Fidel Castro –, o que lhe rendeu a alcunha de “General do Risorgimento” e um papel fundamental no processo de unificação italiana, Garibaldi se deixou seduzir profundamente pela América do Sul.

Recheado de informações históricas embasadas por vasta e sólida pesquisa documental que ocupou oito anos da vida do autor, o livro se esquiva dos chavões enciclopedistas e resulta em um esforço ensaístico divertido e iluminador. Carta buscou referências nas bibliotecas Britânica, François Mitterrand, de Genova, de Turim, de Milão, do Rio de Janeiro, de Montevidéu e de Buenos Aires e também buscou material por onde viveu e lutou Garibaldi, sobretudo nos 13 anos em que viveu na América do Sul, de 1836 a 1848. Percorreu seis países: Itália, França, Grã-Bretanha, Argentina, Uruguai e Brasil, especialmente Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul afora. Entrevistou fontes e historiadores diversos, como Paixão Côrtes, um dos principais folcloristas e pesquisadores a resgatar a cultura gaúcha. 

Mesmo imerso no universo de Giuseppe Garibaldi, não falta espírito crítico no livro de Carta, que interessará sobretudo aos estudiosos de literatura, jornalismo e história. Mas vai muito além destes campos específicos, podendo-se incluir antropólogos, psicólogos, e os amantes de uma bela e romântica aventura. O estudo parte da trajetória extraordinária de Garibaldi para delinear como a imagem deste herói gaúcho, uruguaio e italiano sobreviveu a sua vida histórica, passando ao terreno do mito. Para tanto, o livro detalha como aqueles escribas que o cercaram construíram a imagem de um homem extraordinário, um recuperador romântico de uma pátria perdida, a sua Itália, ou a do construtor de novas, como a do bem-sucedido Uruguai ou a da malograda Republica Riograndense, cujo território permanece hoje incorporado ao Brasil.

O ensaio desvenda como jornalistas, em especial Cuneo e Rosseti, um político como Mazzini, alcunhado "o Profeta", e o famoso romancista Alexandre Dumas construíram deliberadamente a imagem com que Garibaldi passou ao futuro e ao mito. E mostra como o próprio Garibaldi compreendeu o valor do jornalismo moderno e da literatura romântica como armas políticas e industriou a construção da própria imagem. Para tanto, construiu-a como a um "gaúcho" que "invade" a Europa, seus corações e mentes, para envolvê-los na luta pela unidade italiana. Nesta trajetória, o "herói de dois mundos" terminou por dar substantiva contribuição para construir o mito do próprio gaúcho em terras americanas, ajudando também a envolver corações e mentes dos pampas argentino, uruguaio e brasileiro.

Chegando aos dias atuais, Gianni Carta analisa como sobrevive a imagem do herói na TV, na literatura e no ensaio, em suas diferentes facetas e nuanças, tanto no Brasil como pelos demais espaços reais e imaginários por onde ele passou e ainda vive. Num estudo abrangente e rigoroso, o autor nos mostra como os poderes do jornalismo e da literatura permanecem sendo muito mais fortes do que por vezes cremos.