Escravos em Portugal – das origens ao século XIX
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Histórias de vida de homens, mulheres e crianças sob cativeiro
Em Lisboa, Lourenço, escravo branco, hábil dourador de couros, foi marcado na testa pelo seu senhor com um ferro em brasa e sujeito a longos períodos de cárcere privado. Em Coimbra, João, escravo negro, conseguiu fugir, temporariamente, do cativeiro, levando ainda, em volta do pescoço, uma argola de ferro com o nome do seu dono. Florinda, angolana de origem, foi chamada à Inquisição, pois recorrera a feitiços na esperança de abrandar as iras da sua ama. Em Évora, Grácia, jovem escrava negra, morreu depois de espancada pelo seu proprietário. João de Sá, escravo nas cavalariças reais, chegou a cavaleiro da Ordem Militar de Santiago, na corte de D. João III.
Este livro é a história de Lourenço, João, Florinda, Grácia, João de Sá e de muitos outros milhares de escravos que viveram em Portugal. Só nos séculos XV a XVIII, o período de maior concentração de mão-de-obra não-livre, calcula-se que, ao todo, tenha havido, no continente e ilhas, um milhão de pessoas sujeitas a cativeiro. Esta não é uma história da escravatura em Portugal, mas uma história dos escravos. Os protagonistas involuntários de um regime social injusto, excluídos entre os excluídos, são também, enquanto pessoas, os protagonistas deste livro. Como era feita a compra e venda de escravos, qual era a relação entre o senhor e o escravo, como era utilizada a mão-de-obra cativa, qual a diferença entre escravos da cidade, do campo ou do paço? E depois da abolição legal como se transformou a vida destas pessoas? Ainda no início do século XIX, mais propriamente em 1801 e 1809, os jornais de Lisboa publicavam, por incrível que possa parecer, anúncios como estes: "No dia 6 de Agosto, fugiu uma escrava preta muito baixa, olhos medianos, nariz chato e largo, boca grande e beiçuda, mal feita de corpo e mãos grandes e mal feitas. Levava capa de baetão muito comprida, cor de flor de pessegueiro e saia de chita escura.
Na loja da Gazeta de Lisboa se dirá quem é seu senhor, o qual dá de alvíssaras 19$200 réis a quem lha descobrir". "Quem quiser comprar três escravas, duas pardas e uma preta, fale na loja de Paulo Conrado, na rua dos Capelistas."Escravos em Portugal, do historiador Arlindo Manuel Caldeira, é uma obra inovadora sobre um tema que continua ainda muito ignorado no nosso país e que temos obrigação de conhecer de modo mais aprofundado para que não corramos o risco de, em pleno século XXI, ver regressar atitudes esclavagistas, como prenunciam alguns sinais perturbadores.