Crónicas lendas, e usos costumeiros da Guiné-Bissau
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Já homem, culto, educado na Europa distante, com grandes responsabilidades no seu país, filho e neto de linhagem fidalga. O Dono da Chuva contou-nos:
— Meu avô foi chamado, num dia de Fevereiro, ao Governador, tuga incrédulo das coisas e loisas desta Guiné, que lhe disse:
— “Vieste de Biombo até mim, porque me disseram que és Dono da Chuva. Se é verdade, quero que faças chover.”
— Meu avô saiu do palácio, balbuciando sons incompreensíveis, e quando chegou à praça do Império os sons se transformaram em palavras gritadas só por ele decifradas.
O céu aos poucos se foi escurecendo, as nuvens aparecendo, adensando, carregando e, depois dos primeiros relâmpagos, a chuva intensa, doce, com aromas de terra e flores, brotou em toda a Bissau, para espanto e alegria das gentes.
— “Porque me foi ordenado, está na altura de dar, a ti e não a teu pai, o que me foi dado por meu avô. A partir de agora serás o Dono da Chuva. Iran assim o quer. Toma porém atenção. Não utilizes esse poder senão para o bem.”
— “E como faço avô?”— perguntou o menino.