Cartas de coração
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Palavras pulsantes…
Do final do século XVIII até os dias atuais, a arte, a literatura, as diferentes abordagens na escrita têm sido influenciadas, por diferentes maneiras de sentir e perceber as situações cotidianas e sentimentais, denominamos “romantismo”, mesmo os que rejeitam essa forma de perceber se viram forçados a levar em consideração, e em muitos casos o ato de ler um livro tem uma afeição maior do que as pessoas podem considerar. A escrita cumpre em algumas circunstâncias a ruptura contra os padrões éticos, estéticos anteriores… Pois relevante é compreender o texto e o contexto da obra.
Essa distinção a escritora Cristina M. Branco nos demonstra com candente habilidade, nestes textos do livro Cartas de Coração. Causa nos admiração pelo que na França do século da luzes chamavam “La sensibilité”, pelas pessoas que entendiam como uma inclinação às emoções, e interpretações de diferentes vivências.
E nisto a autora deste livro realiza com maestria em sua obra em tons surrealistas: a interpretação teatral de outras vidas, de outras pessoas, em suas palavras vivas e titilantes distinguimos a autora que representa a vida de muitas outras vozes e histórias, o distanciamento do seu cotidiano com as suas personagens descritas com toda compaixão, com satisfatória paixão, como podemos ver diretamente em imagens projetadas em nossas mentes: abruptas, sensíveis e algumas vezes desligada no nosso pensar racional.
Somos levados aos múltiplos aromas, as sensações, os efeitos que as lágrimas causam pela visão numa caminhada de estrada solitária em alguma aldeia no interior de Portugal ou no caminhar pelas ruas do Père-Lachaise…
Cartas de Coração de Cristina M. Branco revela suas influências literárias e também resgata o legado hereditário da escrita que vivenciou de sua avó Rita da Cunha que escrevia cartas sob encomenda.
Cristina nos presenteia com palavras pulsantes, palavras que trazem vivas memórias, o risco do caos, as tendências anárquicas de todas as paixões vigorosas, palavras de virtude que enaltecem um mundo subversivo e eficaz, sensível e feminino em meio à barbárie da desigualdade.
O mundo é feito não de um porto seguro com sentimento de segurança, e sim das experiências de desejos e emoções!
A tranquilidade aparente por vezes parece tão morta, tão rígida como o ódio e o ressentimento, o remorso e o desespero. Os sentimentos contentes ou contrariados podem ser tão hostis quanto a toda e qualquer vida vivida de forma pujante, mas despercebida entre o sol e a sombra.
Os instintos solitários conectam os laços sociais, e os movimentos do ser humano… De diferentes ou semelhantes pessoas.
Cartas de Coração demonstra leitura plural, além de amores passionais, transparece sua relação com as palavras e narrativas. Este vínculo também torna se possível em nossa leitura, a esse modo de sentirmos na medida em que os outros podem ser vistos como projeção de nosso próprio Eu.