Bandeira negra, amor

O desaparecimento de três jovens perto do morro do Borel é o começo de tudo. Uma testemunha não identificada informa que os rapazes foram levados por um carro da PM. Seqüestro? Quem estava de serviço naquela noite? O que a viatura fazia nas proximidades do morro? Drogas?

Assim também se montou outro jogo, tudo misturado ao mesmo tempo agora: ela uma austera major, ele o advogado Frederico, o negro Fred. Entre os dois, a diferença de cor e um mesmo desejo. Mas como nos livrar do que parecemos ser – e não somos? Das histórias que inventamos para camuflar verdades?

Fred foi um garoto que cresceu vendo sua mãe fazer de tudo para ele parecer branco. Nada de assumir o cabelo carapinha, nada de dizer: sou negro. No máximo, moreninho claro. Mas a vida é pródiga em artimanhas. O menino Fred transformou-se no Dr. Frederico Cavalcanti de Souza, advogado e militante do movimento negro, que mantém um caso secreto com Beatriz, major da PM e branca. De dia, Fred desafia a instituição militar, à noite, cai nos braços de uma das mulheres mais poderosas da corporação.

Partindo de uma trama policial, Fernando Molica explora meandros de nossos preconceitos, de nossas vilanias. Neste mergulho pelo submundo carioca, o autor tece várias matizes do preconceito, nos revelando os paradoxos de se assumir a cor negra num país como o Brasil.