Autópsia do medo. Vida e morte do delegado Sérgio Paranhos Fleury
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Autópsia do medo', de Percival de Souza, é um estudo profundo sobre seu objeto. O campo da pesquisa é a memória de um homem (Sérgio Paranhos Fleury,1933-1979) que, baseado no destro uso do medo, levou a cabo uma guerra terrível e vitoriosa contra os inimigos do status quo que representou e defendeu. Mas o temível delegado Fleury aqui revelado não é o monstro desapiedado e óbvio que ele mesmo cultivou como alterego para intimidar a quem interessar pudesse. É o que casou, teve filhos, amigos, nutriu uma paixão avassaladora - e correspondida - por uma mulher da banda inimiga, e que se notabilizou como profissional dedicado, cotidiana e metodicamente aplicado e elaborar o terror em sua mais pura composição. Percival de Souza passou dez anos no laboratório deste livro. Tratou de decompor todos os elementos que vieram a configurar em Fleury a encarnação do medo. À luz do conhecimento, que levantou em extenso e metódico trabalho de campo, ele desmonta, examina e classifica cada fragmento do monstro que o dr.Fleury criou e manteve, com todos os cuidados, como alterego. A escrita de Percival é o trabalho impassível de um clínico. Os depoimentos lhe são prestados pelos personagens com a confiança de pacientes no médico particular, e do material que recolhe ele compõe um drama conflituoso, de dimensões quase épicas, com um distanciamento que surpreenderia Brecht.