As naus
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Contre les berges de Lisbonne, l'histoire jette ses héros en vrac. Poètes, navigateurs ou colons déchus de l'Angola indépendante, ils apportent, venus de plusieurs siècles, l'image du déclin qu'ils ont vécu : celui de l'empire par deux fois brisé - en 1578 avec la domination espagnole et en 1975 avec la fin des colonies d'Afrique.
Rien de plus furieusement baroque que cette traversée de l'histoire portugaise où Vasco de Gama, Luis de Camoëns, ressuscités des Lusiades ou d'ailleurs, se perdent, arbitrairement défigurés, dans le Lisbonne d'aujourd'hui qu'ils ne reconnaissent plus. Et Luis sillonne l'histoire et la ville sans lâcher le cercueil où pourrit le corps de son père, signe d'un présent toujours en mal de ses racines. Car dans cette civilisation occidentale en pleine déchéance, on espère encore le retour des caravelles.
"(...) uma aventura centrada na ideia de um país desfeito, fragmentado em nomes e personagens que vão dando às praias de onde um dia se partiu , ignorado pelos que o habitam, odiado profundamente. É um país que nenhum sentido pode habitar, nenhuma glória, nada de superior, e ao qual regressam bons e maus filhos vindos de África. Trata-se somente da temática dos retornados? Seria falsear a questão: porque por detrás da massa anónima e esmagada dos retornados se vislumbra sempre a imagem marcante de uma forma de regressar a um país que não existe. É como se se regressasse a um lugar que não pode receber ninguém, tal a sua míngua de alma, a sua miséria. É um país representado por Lisboa (Lixboa) agonizante e malcheirosa, um país de subúrbios e de maldades, sonâmbulo na sua degradação omnipresente, na sua decadência permanente (...)"
« Um país que lentamente mistura o mau gosto ao mau parecer e onde o único testemunho é o desaparecimento dos sinais mais claros de vida, de futuro e de alegria. Se as cores são excessivamente sombrias e se a luz é permanentemente marcada pela noite e pela penumbra, os personagens, esses, são longas metáforas sem transacção, referentes de uma História sem explicação: o Padre António Vieira discursa numa discoteca (...) »
« Longa e sólida metáfora, As Naus tenta inventar uma ordem nacional a partir do drama do fim da África portuguesa, das pequenas tragédias que se sucedem com o regresso à metrópole, da conjugação de personagens que, vindas da História, não lançam avisos, não fazem apelos, não invocam um sentido ou um destino - apenas sofrem desse mal congénito que é a imensa solisão que povoa o reyno, as imagens de Loanda com os seus cabarés, riscos no céu à altura dos pássaros, fios do horizonte trazidos de Goa, onde as ondas rebentam sempre, permanentemente, a lembrar, só a lembrar. É uma doença sem cura que sói se alivia na auto-observação dos seus próprios efeitos. E, provavelmente, em muita autoflagelação do narrador. »
in Mais Semanário, 31 de Março de 1988