A menina morta

Auteur :
Editeur : Cotovia
Nombre de pages : 560
Date de parution : 2006
Langue : portugaise
ISBN : 978972795149
Prix :

35,00

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Description :

O argumento desse romance se esboça através de situações e detalhes, que compõem o ambiente e com ele submergem numa atmosfera que delimita o seu próprio mundo. De repente, todos os seus componentes materiais, humanos e temporais avultam nitidamente em torno de um símbolo de poder unificador e punitivo, a "menina morta". Evocada em sua curta existência, ela deixa entrever a sua missão conciliadora, também inspiradora do perdão e da bondade. Morta, abandona os vivos que se aprisionam cada vez mais nas cadeias do orgulho, do grande latifúndio escravocrata e monocultor, todos surdos aos gemidos da humildade passiva do escravo seviciado e aterrorizado.

A paisagem é a de uma grande fazenda de café no Vale do Paraíba, com seu imenso solar, inúmeros agregados e trezentos escravos. Seus senhores sofrem um drama íntimo, contido pelo orgulho e pelo amor-próprio, que intimidam e impedem qualquer possibilidade de alusão, de quem quer que seja, ao que possa ter acontecido. Ao mesmo tempo pressente-se a iminência da revolução social e econômica, com a extinção do trabalho servil. A criança, que seria a esperança de uma reconciliação humana geral naquela paisagem de riqueza e poderio às vésperas de se extinguir, se converte naquele símbolo da "menina morta". É a sombra punitiva que paira sobre os desumanizados. Tanto que, como num misterioso processo de metempsicose, ela é confundida com a irmã que sobrevive e é feita herdeira da fazenda. É quando esse vasto latifúndio de repente se desola, quase se intemporaliza, para envolver a sobrevivente numa imensa sombra, justamente com sua mãe, física e mentalmente debilitada.

O romance parece então dividir-se em duas partes: a primeira, em que perdura a lembrança da menina morta, coexistindo com o seu retrato a óleo na parede, enquanto ela se faz atuante como verdadeira força catalítica; a segunda preenchida pelo retorno da irmã, coincidindo com a ausência dos pais, até ao entorpecimento sombrio de todo aquele imenso e fervilhante domínio.