A morte do rei constituiu, sempre, um fenómeno de grande impacto social e político, sobretudo se ocorria em circunstâncias trágicas ou se punha em risco o curso da história, como aconteceu no caso de D. Carlos I. A dinastia de Bragança reinou em Portugal, entre 1640 e 1910, e por ela passaram 14 cabeças coroadas de ambos os sexos, num percurso político-social conturbado, que incluiu massacres, revoluções, guerras civis, exílios e regicídios.
A mortalidade infanto-juvenil marcou presença dramática e constante na marcha genealógica da dinastia. A morte precoce ceifou a vida à maioria dos varões primogénitos, príncipes herdeiros por direito, impedindo-os de atingir o trono. É a lendária «Maldição dos Bragança», um tenebroso anátema lançado à família real por um frade mendicante a quem D. João IV terá recusado esmola. Talvez por isso o espectro do sofrimento tenha estado sempre tão presente no seio desta família.
Apesar dos desvelados cuidados médicos, apenas três monarcas brigantinos ultrapassaram os 60 anos de idade. Os grandes flagelos da época como a sífilis, a tuberculose e a febre tifóide, a patologia vascular cerebral, a loucura e a morte violenta atormentaram a última dinastia, cujo trono ruiu há 100 anos, como consequência indireta do trágico fim do seu penúltimo caudilho.