A ditadura de Salazar e a emigração
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O Estado português e os seus emigrantes em França (1957-1974)
De 1957 a 1974, cerca de 900 000 portugueses emigraram para França, mais de metade dos quais de forma irregular. Em 1975, a população portuguesa em França atingia os 750 000 indivíduos, formando a primeira comunidade estrangeira naquele país.
A mais velha ditadura de direita na Europa, o Portugal de Salazar, teme os efeitos da modernidade, protege o país das influências estrangeiras, resiste aos «ventos de mudança» que se levantam em África e fecha-se sobre si-mesma. A emigração, pela sua amplitude (10 por cento da população), vai converter-se num desafio para o regime. Para se manter no poder, a ditadura portuguesa organiza uma política de emigração ambígua que serve os seus interesses políticos, económicos, financeiros e militares. Impede a população de emigrar legalmente e constrange-a à clandestinidade em França. Só contornando o Estado, os emigrantes irão conquistar melhores condições de vida e assim contribuírem ativamente - contrariando uma visão elitista - para a modernização, democratização e europeização de Portugal «a partir de baixo».