Entre idas e vindas temporais, Adriana Lisboa conduz o leitor a habitar os pensamentos em desassossego de Adelaide, uma ex-presidiária e ativista pelos direitos dos animais que se vê diante da brutalidade das relações humanas.
Adelaide integrou um grupo de ativistas dos direitos animais e acabou se envolvendo numa ação extrema de protesto, incendiando um laboratório de pesquisas nos Estados Unidos. Depois de três anos presa, ela volta ao Brasil.
À procura de um recomeço, muda-se para uma pequena cidade na região serrana do Rio, onde conhece Rai ― o gentil proprietário da casa mobiliada que aluga –– e sua família. Ao intercalar a jornada da ativista e as incertezas que se formam nos novos vínculos que Adelaide estabelece, Adriana Lisboa tece uma narrativa sutil e poderosa sobre a fragilidade e a violência que se escondem nas mais sensíveis relações e aponta para o modo muitas vezes arbitrário como certas agressões são condenadas e outras normalizadas ― incluindo, aqui, a conduta humana em relação às outras espécies animais.
“Tudo pulsa com intensidade nas páginas do romance, provocando em quem o lê uma inevitável indignação contra os atos de fraqueza e arrogância da humanidade perante a complexidade do mundo vivo.” ― Maria Esther Maciel