Guerrilheiras: memórias da ditadura e militância feminina nos conta uma história da memória da ditadura militar de 1964 ao longo do período democrático a partir de duas figuras emblemáticas da luta feminina contra o regime: Dilma Rousseff e Iara Iavelberg.
A obra analisa duas biografias: Iara: reportagem biográfica, escrita em 1992 pela jornalista Judith Patarra, em torno da vida e militância política da jovem Iara Iavelberg, morta pela ditadura, e A vida quer é coragem: a trajetória de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil, escrito por Ricardo Batista Amaral, publicado em 2011, logo no início do primeiro mandato presidencial de Dilma.
A historiadora Juliana Marques analisa a fundo como as vidas de Dilma e Iara foram contadas, partindo de algumas questões: 1. Quem são os autores? 2. Quais condições cercaram os processos de escrita de cada um? 3. Em que contextos escreveram? 4. Por que escreveram? 5. E por que cada um escolheu a sua respectiva biografada? Estas são algumas perguntas que interessaram à autora. Mas, sobretudo, interessa também saber quem são as biografadas e como a visão dos autores moldou suas trajetórias, pois que estavam condicionadas pelas circunstâncias que deram origem a esses livros. Também não escapa a Juliana Marques do Nascimento como as visões de gênero de Patarra e Batista Amaral condicionaram a construção das biografias de Iara e Dilma.
Guerrilheiras enfrenta o desafio de lidar com personagens que foram sacralizadas pelo imaginário coletivo de esquerda – como é o caso de Iara, transformada em heroína e “musa” – ou, como Dilma, colocada no centro de uma grande crise política.