Viola de bolso, reunião de poemas de Carlos Drummond de Andrade lançada nos anos 1950, chega a sua terceira edição, com 25 poemas inéditos nas edições anteriores.
Uma das joias que marcam o retorno do poeta Carlos Drummond de Andrade ao catálogo da Editora José Olympio é sem dúvida a nova edição de Viola de bolso. Lançado originalmente em 1952, pelo Ministério da Educação e Saúde, o livro teve segunda edição pela Livraria José Olympio Editora, em 1955, com adição de 56 novos poemas, totalizando 91. Esta terceira edição, de 2022, reúne os poemas da segunda – acrescidos de marcas de revisão feitas à mão por Drummond em seu exemplar – e inclui novas peças, 25 poemas inéditos nas edições anteriores, recentemente encontradas pelos netos do poeta.
Esses poemas, que haviam sido organizados pelo próprio autor em uma pasta intitulada “Viola de bolso (nova)”, aparecem também em versão fac-similar. Tanto para estudiosos de Drummond quanto para leitores de poesia, é possível observar as mudanças feitas em certos poemas de uma edição para a outra. Mudanças que mostram a preocupação do poeta com seus escritos e que provam como uma criação literária é um processo contínuo, que nunca se dá por acabado.
Além de a nova edição apresentar um projeto gráfico caprichado, em capa dura, será uma experiência muito proveitosa ler os escritos que Drummond reúne em Viola de bolso. O livro é uma espécie de inventário sentimental do poeta em homenagem a lugares, afetos, pensamentos e, em sua maioria, a pessoas próximas; amigos, artistas e personalidades importantes – dentre estes, o próprio José Olympio –, que conquistaram o coração do grande escritor itabirano. As dedicatórias compõem uma constelação que evidencia a rara destreza de Drummond para construir belas peças poéticas amarradas à própria vida.