O romancista que não matou Brizola
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“O romancista que não matou Brizola contem artigos e crônicas, que exigem tempo e atenção do leitor, já acostumado à útil convivência com o escritor, jornalista e professor, nascido em Fortaleza, Ceará.
São dezenas de temas com numerosos episódios e personagens, inclusive a que serviu de título: Oswaldo França Junior, piloto da Aeronáutica, que conheci quando trabalhava na Manchete, foi um dos incumbidos de atacar o palácio do governo, em Porto Alegre, durante a ditadura militar, a fim de eliminar Leonel Brizola, líder do movimento de enfrentamento dos contrários ao movimento dos generais rebeldes de 1964.
Homem de seu tempo, como está na orelha, Edmilson Caminha não se cala diante do Brasil deste nosso tempo. Diz o texto que o bicentenário da Independência, em 2022, prevê eleição que poderá ter significado histórico para a política brasileira. E é verdade, permitindo-nos ou obrigando-nos, a todos, a nos manifestar, sobre a campanha que se desenvolve e como se revelam os candidatos, no cenário polarizado e extremamente delicado; ou ameaçador.
O novo livro de Edmilson não é para biblioteca, para onde irá depois. Neste momento, expõe imparcialidade na opinião e poderia ser comentado com as frases iniciais: “Penso no Brasil dos últimos cem anos, e duas frases me ocorrem. A primeira, com a lucidez aguda de Nelson Rodrigues: “Subdesenvolvimento não se improvisa, é obra de séculos”; a outra, com o cinismo irônico de Delfim Netto: “Estamos passando por um século muito difícil...”, como se não fosse ele corresponsável pelo que ainda hoje nos faz sofrer o golpe de 1964”.
Ditas e repetidas as declarações, achadas conforme ou não, cumpre-se o dever cívico e saudável de passar à leitura, aprazível e esclarecedora da nova e preciosa obra do autor cearense. Nada de perder tempo, porque Edmilson nos reserva inclusive revelações relevantes, como as referentes ao Dicionário do Aurélio, que não se trata de criação única e exclusiva do mestre Buarque de Holanda.