O racismo e o negro no Brasil: questões para a psicanálise

O Brasil é racista, mas o brasileiro não é – essa forma de pensar revela o grau da perversa disseminação do racismo em nosso corpo social e se não lidamos com ele de forma objetiva na política, na economia ou na educação, não é de estranhar que o preconceito antinegro não constitua um tópico de estudos numa área, a psicanálise, que, não obstante a advertência de Freud de que não há psicologia individual sem psicologia social, sempre focou o indivíduo e não a sociedade. Daí, por extensão, que pouco se saiba acerca de seus efeitos em nossa subjetividade embora, a despeito do silêncio e da negação históricos, a sombria e violenta realidade que gera se torne cada dia mais evidente. Daí porque também, é tão importante falar, desnaturalizar e expor o que está diante de nós e insistimos em não ver, o dissimulado orgulho em diminuir o outro, a senzala no jardim. Foram a urgência e pertinência dessas questões que levaram o Instituto Sedes Sapientiae a realizar o ciclo de palestras sobre "O Racismo e o Negro no Brasil" que a editora Perspectiva ora publica.