Um quintal e outros cantos
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O poeta soteropolitano Natan Barreto, atualmente radicado em Londres, nos oferece um livro, Um Quintal e Outros Cantos, cujo conteúdo nos remete às suas memórias, reais ou imaginadas: as telhas da casa eram velhas. Tantos dentes de leite jogamos ali: Mourão, Mourão, toma teu dente podre e me dá meu são. Memórias tão suas, mas também tão possíveis de tornarem-se daqueles que palmilharem as suas páginas feitas da matéria-tempo, já que são tantos os ontens no ar. Também nasci em 1966, menino de tantos quintais do tempo. Tempo que tece em nós tantos retalhos, talha momentos, que depois ecoa, esculpe culpas, que em silêncio soa – mistura em nossa mente os seus atalhos.
Natan Barreto representa, em muitos sentidos, a poesia baiana contemporânea, tão rica em sua diversidade. Literatura que é parte fundamental do nosso patrimônio cultural, que nos traduz e revela aos olhos do mundo. São suas personagens tão vivas, que hoje saí à procura de Tia Zazá, de Serafi m e de Dona Maria, pelas ruas silenciosas da minha infância. Tão bom seria vê-los, encantados, à sombra de uma pitangueira. E, íntimos, trazê-los ao meu quintal medido com alqueires de nuvens e oceano.
Salve, poeta, tuas letras de homem menino, misto de morte e de manhã!