Insultos impressos : a guerra dos jornalistas na independência (1821-1823)
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Os anos de 1821 a 1823 representam um momento decisivo nas relações entre Brasil e Portugal. É o momento de definição da independência da Colônia, mas é também quando começa a se esboçar, de forma um tanto atabalhoada, uma hesitante democratização dos costumes políticos, via constituição de uma imprensa que servirá de palco para o debate de idéias, ideais e interesses particulares ou de grupos. De um lado, estará em cena a elite monárquica dominante; de outro, os proprietários rurais fluminenses, paulistas e mineiros, aliados aos burocratas e comerciantes portugueses e brasileiros estabelecidos na corte. É sobre essa arena que o livro de Isabel Lustosa lança seu foco. Estudando a imprensa brasileira da época, ela delineia os principais vetores da formação de nossa prática política e dos fatores que conduziram à Independência. Numa nação, o Brasil Colônia, em que a imprensa estava proibida desde 1808, dois acontecimentos simultâneos - a abertura de um espaço para debate público (e sobretudo impresso) e a convocação de uma Assembléia para restringir o poder da Coroa - representam um salto que a nossa 'intelligentzia' era incapaz de dar sem traumas. Figuras de grande destaque pelejavam com ilustres desconhecidos, cada um tentando impor suas idéias aos outros e, acima de tudo, mandar seu recado e conselho ao imperador. A discussão com freqüência enveredava pelo terreno pessoal, transformava-se em calúnia e difamação e chegava mesmo à agressão física. Nessas condições, a imprensa era um grande laboratório onde, segundo um ditado da época, aprendia-se às custas da nação como 'o barbeiro novo nas barbas do tolo'.