Império à deriva : a corte portuguesa no Rio de Janeiro, 1808-1821
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Em 1807, no auge das guerras napoleónicas, o príncipe regente português D. João tomou auma decisão extraordinária. Apesar de horrorizado com a ideia de uma viagem marítima, optou por transferir toda a Corte e o Governo para a maior colónia de Portugal, o Brasil.
Com as tropas francesas a apertar o cerco a Lisboa, um total de 10.000 aristocratas, ministros, sacerdotes, e criados, sobe a bordo das frágeis embarcações da frota portuguesa. Após uma difícil viagem transatlântica sob escolta britânica, desembarcaram imundos, cheios de piolhos e esfarrapados, para grande surpresa dos súbditos do Novo Mundo.
A transferência da Corte e do governo português para o Brasil deu incício a um período único de governo imperial a partir dos trópicos, que durou treze anos. O Rio de Janeiro não tardou a ser beneficiado com uma nova Ópera, um luxuriante Jardim Botâncio e um Paço Real - uma Versailles Tropical - tendo como esplêndico pano de fundo montanhas revestidas de vegetação luxuriante. Mas esta fachada metropolitana só parcialmente obscurecia a actividade brutal daquele que era o maior porto de escravos das Américas. Enquanto Patrick Wilcken dá vida a este período extraordinário, combinando ricos testemunhos contemporâneos com uma evocação plena de ideias do único momento na História em que a realeza europeia viveu numa colónia.